Paredes meias com o buliço da cidade e com as tranquilas paisagens verdes, Anobra sabe receber bem quem a visita. Pelas ruas dos diferentes lugares da Freguesia encontra pessoas ordeiras e simpáticas, sempre dispostas a dois dedos de conversa. As áreas verdes de Anobra, preenchidas com a Reserva Natural do Paúl de Arzila, património natural desta Freguesia, são um convite a quem procura um encontro com a natureza e o silêncio, quer na companhia de amigos ou de familiares.
A gastronomia é rica e diversificada, sendo que por aqui encontrará um variado leque de opções para degustar, na companhia de um bom vinho maduro de boa qualidade, nomeadamente a Caldeirada de Enguias, enguias e os famosos ruivacos (Chondrostoma macrolepidotus) fritos acompanhados com broa de milho, confeccionada artesanalmente em fornos de lenha, sendo os doces tradicionais representados pelo arroz doce. As festas da terra são muitas e animadas, onde jogos tradicionais são marca turística de Anobra.
Esta Freguesia conserva um património histórico de várias épocas, onde a antiguidade da Igreja Matriz remonta ao século XIV, era então Orago santo Ildefonso, a dotação era de "60 libras" anuais e pertencia ao arcediago de Penela. Uma visita às capelas do Casal São João, Casal Carrito e Casal da Légua fazem parte do roteiro da Freguesia, assim como à Quinta da Melhora e seu Lagar de Azeite e Quinta da Azenha em Anobra, bem como à Quinta da Continha, situada no lugar de Venda da Luísa, onde ainda se conserva um calabre (mecanismo antigo, idêntico às noras, movível através da força animal) utilizado para tirar a água do ribeiro e regar as terras. É ainda de visitar as fontes do Quetrofe, Fontita (detém azuleijo secular) e Fonte da Mata em Anobra, e a fonte do Casal das Figueiras, bem como os lavadouros do Casal Seco e Lameira de Cima onde ainda se lava à mão nos dias de hoje.
A antiguidade da Igreja Matriz remonta ao século XIV, era então Orago santo Ildefonso, a dotação era de "60 libras" anuais e pertencia ao arcediago de Penela.
Edifício modesto de uma só nave, com quatro altares, setecentista, cuja frontaria foi reformada nos séculos XIX e XX.
A capela-mor, por seu turno, foi ampliada e reformada em 1766. A Capela Baptismal ao lado da epístola, junto ao nartex, é obra de 1778, ladeada por dois postigos de confessionários de batentes vazados e recorte de balaústres setecentista. No fundo da Capela encontra-se um retábulo em fragmentos de cantaria ornados. Entre colunas caneladas do século XVII está o sacrário de dois corpos do século XVI.
A pia Baptismal, manuelina, ornada por caneluras cavadas em espiral, alarga-se ao pé do recipiente.
Ao lado da epístola, encontra-se a nobre Capela em honra de N. Senhora da Conceição com altar e retábulos barrocos, sacrário e dois confessionários com acesso ao corpo da igreja.
É revestida por azulejos de fabrico coimbrão do século XVIII, mostrando cabeceiras altas e recortadas, ornatos conchados e pilastras divisórias a suster vasos de flores.
Para além dos panos meramente decorativos há quatro painéis com cenas da vida da Virgem: "Virgem em glória sobre as nuvens e querubins, Anunciação, seu Nascimento e Casamento.
O retábulo principal tem no pano central um camarim a suster uma tela pintada e assinada por I. Goncalves, a representar Santa Catarina.
Outras esculturas ornam o altar-mor, sendo a mais significativa a de Santa Luzia, datada do século XVI. À esquerda da frontaria existiu, até 1940, um simples campanário de duas ventanas e a partir de 1950 foi dotada de torre sineira e relógio, aquando a nova reforma.
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO
• Capela Casal da Légua
• Capela Casal de São João
• Capela de Casal do Carrito
• Igreja Matriz
RESERVA NATURAL DO PAÚL DE ARZILA
A Reserva Natural do Paul de Arzila foi criada para proteger uma zona alagadiça de importância reconhecida internacionalmente na Ribeira de Cernache, junto ao Rio Mondego. A zona delimitada que abrange parte dos concelhos de Coimbra, Condeixa e Montemor-o-Velho inclui as valas dos Moinhos, do Meio e da Costa e uma área de floresta.
Como o próprio nome de Paul indica, esta é uma zona cuja característica principal é a abundância de água, que dá origem a uma comunidade vegetal muito diversificada atraindo um grande número de espécies animais. De entre estes destacam-se algumas aves como os patos e vários tipos de garças que aqui fazem os seus ninhos, com realce para a garça-vermelha, escolhida para símbolo da Reserva.
Algumas aves vivem aqui em permanência, outras apenas durante algumas estações do ano e há ainda aquelas que passam pelo Paul da Arzila nas suas rotas migratórias e aqui encontram zonas de abrigo e de alimentação.
Se dispuser de duas horas para visitar a Reserva Natural, contacte o Centro de Interpretação e siga o percurso recomendado que tem uma extensão de cerca de 3kms.
EVENTOS ANUAIS
Em Anobra realizam-se as seguintes festas:
Festejos em honra de S. Pedro, que se realizam em data móvel no mês de Julho, durante quatro dias. O dia mais importante é o domingo, que se inicia pelas oito horas com a salva de 21 tiros.
Pelas nove horas, a bandeira em honra de S. Pedro, acompanhada por cavaleiros, percorre os lugares da freguesia e culmina com a celebração da Missa solene em Acção de Graças. Depois dos grupos folclóricos e típicos, seguem-se as "Cavalhadas", que existem desde o ano de 1800. Assim, os cavaleiros reúnem-se para as corridas, em que tém de retirar uma pequena argola feita em vime, que se encontra suspensa numa cana , por sua vez, presa numa corda a alguma altitude, que atravessa a rua. Os cavaleiros que conseguem atingir tal objectivo, recebem uma fita para que seja entregue às raparigas, às quais dedicam alguns motes.
Durante a tarde e a noite seguem-se as atracções musicais. Na tarde de segunda-feira, realizam-se os jogos tradicionais e um jogo de futebol entre solteiros e casados. No final destes, entrega-se a bandeira e nomeiam-se os novos mordomos, seguindo-se a tradicional sardinhada acompanhada de bom vinho da Região. A festa é finalmente encerrada com a "Moda do Ramo".
No Casal do Carrito, organiza-se a festa em honra de Santo António, em data móvel no mês de Junho, com a duração de quatro dias, cujos festejos se iniciaram em 1993, ano da construção da capela. O seu programa é similar ao dos festejos em honra de S. Pedro.
No Casal de São João realiza-se a festa em honra de S. João, em data móvel no mês de Junho, com a duração de quatro dias. O seu programa é similar ao dos festejos em honra de S. Pedro. No domingo da festa, após a Missa Solene em Acção de Graças, sai a procissão acompanhada pela Filarmónica, no final da qual é lançado o fogo.
Em Casal da Légua, realiza-se a festa em honra de Santo António, em data móvel no mês de Junho, com a duração de quatro dias. Há música durante a festa e o domingo é marcado por uma salva de 21 tiros em honra do Santo e pela chegada da filarmónica, que percorre as ruas do Lugar. Mais tarde celebra-se a Missa em Acção de Graças, solenizada pelo coro da filarmónica, seguida da Procissão Solene.
Em Venda da Luísa, organizam-se os festejos em honra de Nossa Senhora da Conceição, no dia 15 de agosto, durante quatro dias. No primeiro dia actuam os ranchos folclóricos e outras atracções musicais, acompanhadas de baile; no segundo dia procede-se à procissão de velas, seguida de baile. No dia de festa após a Missa solene, sai a Procissão acompanhada pela Filarmónica, seguida do tradicional arraial. Passado oito dias do final da festa, é feito um leilão, para venda de algumas louças existentes, e uma sardinhada.
GASTRONOMIA
• Caldeirada de Enguias
• Enguias e Ruivacos (Chondrostoma macrolepidotus) fritos acompanhados com broa de milho, confeccionada artesanalmente em fornos de lenha.
Vinhos da região
• Nas encostas de Casal da Légua é produzido Vinho Maduro de boa qualidade. Na freguesia é a Água-pé (vinho de baixo teor alcoólico, com água) que é experimentada a 11 de Novembro aquando a festa de S. Martinho.
Doces da Região
• Faz parte da confeitaria da região o arroz doce.
ARTESANATO
Poceiros e cestos feitos em vime amarelo, colocado em água durante 15 dias, que existem na Reserva Natural do Paúl de Arzila e campos de Anobra. Os poceiros serviam para a pesca, a apanha da azeitona, as desfolhadas (escamizada), para as vindimas e outros trabalhos do campo.
Em Anobra existem valas com nascentes em Pousada (Cernache), na zona de Eira Pedrinha e Alcabideque, que desaguavam no rio Mondego, ficando a Reserva do Paúl de Arzila quase no final do seu percurso. A estas valas, outrora ricas em peixe (Enguias e Ruivacos) acorriam os Anobrenses para fazerem as suas caldeiradas e "patuscadas".
Conta quem se lembra que nessa época eram utilizados dois métodos de pesca: o "calcão" e a "certela". Assim, no Verão, os homens iam para dentro das valas com um “poceiro” e empurravam os peixes para dentro deste, aplicando o método do "calcão".
Por outro lado, no Inverno, como estava muito frio, os "poceiros" eram presos num pau e colocados dentro da vala, utilizando-se um "rodo" (pau em forma de T) para empurrar o peixe. A "certela" era um novelo de minhocas que se enfiava num fio, atado depois numa cana ou pau e colocado nas valas. As enguias mordiam o referido novelo e ficavam presas da serrilha que possuem.